sexta-feira, 28 de março de 2008

Coisas primeiras. Entre os textos do meu pai:

Da primeira elegia de Duino

Bem certo, deve ser estranho não habitar mais a Terra,
Não recorrer mais a hábitos apenas adquiridos,
Não dar mais às rosas e às promessas de outras coisas
A significação de um futuro humano;
Estranho não se ser mais o que se foi no infinito cuidado
Das mãos, e abandonar até o próprio nome
Como um pobre brinquedo jogado.
Estranho não mais desejar desejos. Estranho
Ver tudo o que foi laço, no espaço flutuar
Desfeito. Coisa difícil é estar morto;
E cheia de ressurreições, pois que há sempre para nós
Um prenúncio de eternidade....

R.M.Rilke

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