Disseste-me tu que somos nós, vidas alheias, a tua duração, a tua imortalidade. Porque a palavra.
Fim de um ano, princípio de um outro e o aniversário do João (1), meu pai.
Vivo esta urgência de explicar uma coisa presente que não é memória, como alguns insistem. Procuro a resposta nas palavras que disseste e ainda dizes e dirás porque as dizemos. Escutamos-te:
"Ser sem corpo não é provavelmente condição da criatura, como o é o termo incerto, é condição do mensageiro. Despido de corpo e até de forma, o mensageiro é já luz pura que, sem se deter em saber de ver, vê e ilumina.
(…)
Seres sem corpo. Chegaste? Não duvido que seja esse o modo em que te encontras, em que cada um de nós pode encontrar-te, hoje, dia de festa, e todos os dias. Duvido é que, nesta vida, neste mundo em que vivemos nós, seres com corpo a termo incerto, não tenhas sido e estado sem corpo muitas
vezes.”
Excerto de Apoteose, JR, 2005
Papá tu és a minha ilha afortunada.
Brindemos.
segunda-feira, 31 de dezembro de 2007
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1 comentário:
Cara Amiga, só hoje soube, com inquietação, pelo blogue Maranos, da partida do seu pai !... Fomos parceiros em muitas palestras, tertúlias e jantares e guardo dele as mais gratas recordações de um espírito subtil, vivo e amigo. À dor da sua partida junta-se a alegria de verificar que nos deixou, na sua filha, os seus mais nobres dons ! Bem haja !
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